Entre eleições de 2010 e 2014, candidatos evangélicos cresceram 45%
Segundo levantamento do Broadcast Político, do jornal Estado de São
Paulo, nas eleições de 2014, existem 270 “pastores”, 33 “missionários” e
25 “bispos” evangélicos concorrendo a vagas no Congresso Nacional, nos
Governos estaduais (em 26 estados) e nas assembleias legislativas. Os
candidatos evangélicos são filiados a 16 partidos diferentes, sendo que
pelo menos quatro foram criados por eles (PRB, PSC, PR e PEM). Os
registros no Supremo Tribunal Eleitoral indicam que este ano, o número
de candidatos declaradamente evangélicos cresceu 45%.
Em São
Paulo, maior colégio eleitoral do país, existem 40 evangélicos
candidatos a deputado federal ou estatual. No Rio de Janeiro, as
pesquisas indicam que o próximo governador deverá ser Antony Garotinho
ou Marcello Crivella. Ambos são evangélicos.
Ligado ao PSC,
Everaldo aparece com apenas 3% das intenções de voto. Mas pela primeira
vez existe um candidato a presidente do Brasil que se apresenta como
pastor. A presidente Dilma já manifestou sua preocupação em atingir
essa parte do eleitorado, criando inclusive um "comitê evangélico".
Segundo
dados oficiais do IBGE, o número de evangélicos do país saltou de 2,61%
da população, em 1940, para 22,16% em 2010. Isso se reflete no aumento
na participação dos “candidatos evangélicos”. Em 2010, eles
representavam 1% do total; em 2014, são 1,29%. A Frente Parlamentar
Evangélica, mais conhecida como “bancada evangélica”, reúne 70 deputados
e três senadores.
Suas principais bandeiras são conservadoras,
envolvendo a proibição do aborto, o casamento gay e a legalização das
drogas. O bispo Edir Macedo escreveu em seu livro
Plano de poder – Deus, os cristãos e a política,
que “Deus tem um grande projeto de nação elaborado por ele mesmo e que é
nossa responsabilidade [dos evangélicos] apresentá-lo e colocá-lo em
prática”.
Mas ele nunca deixou claro como isso ocorreria.
Atualmente, o PRB, partido ligado à IURD e Macedo, é aliado do PT e faz
campanha pela reeleição de Dilma. Quase a totalidade do outros líderes
evangélicos do país tem se manifestado contrários ao programa petista.
Segundo
o professor do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da
Universidade Metodista Dario Rivera, o discurso de muitos candidatos tem
tons messiânicos. “Muito se fala no ‘estou fazendo porque Deus me
mandou e estou certo de que vou ganhar’”, afirma o estudioso.
Alberto
da Silva Moreira, o cientista das religiões e professor da PUC Goiás,
explica que o crescimento da influência dos evangélicos na arena
política também aproxima os laços do Brasil com Israel. Prova disso
foram as manifestações de líderes evangélicos contrários à decisão do governo de opor-se à ofensiva israelense em Gaza.
Para
Moreira, essa tendência é mundial, e já ocorre há décadas nos Estados
Unidos, onde se fortaleceu a ideia de uma “direita cristã”, conceito
ainda incipiente no Brasil.
O sociólogo Gamaliel da Silva Carreiro, professor da Universidade Federal do Maranhão e autor do livro
Mercado Religioso Brasileiro: do Monopólio à Livre Concorrência, critica a atuação da Bancada Evangélica. “Eles
têm dificuldade em pensar o Brasil. Pensam pequeno. Só conseguem se
organizar quando há temas muito contraditórios, que afrontam valores
cristãos”, declarou.
Por outro lado, afirma Carreiro, existe um
preconceito quanto à atuação política dos evangélicos, pois existem
vários outros grupos formados para a defesa de interesses particulares,
como a bancada ruralista ou a dos metalúrgicos.
O deputado Marco
Feliciano (PSC/SP), um dos membros da Bancada Evangélica com atuação
mais destacada, aposta no crescimento da sua legenda. O partido acredita
que pode atingir cerca de 35 deputados. Silas Malafaia é categórico:
“Política é poder. Se aumentar em número, aumenta o poder e a
influência. É como dois e dois são quatro”.
E os católicos?
Por
outro lado, apenas 16 candidatos se apresentam como “padres”, indicando
uma queda de 30% em relação à ultima eleição. Na maioria dos casos
concorrem por partidos de esquerda: o PT conta com cinco padres, e o PC
do B, com três
As ligações entre catolicismo e política no Brasil
foram muito fortes no período colonial. Em tese, essa influência só
deixou de existir com a Constituição de 1891, que preconizava a
laicidade do Estado.
Na verdade, padres e bispos católicos não
poderiam se candidatar, pois o Direito Canônico os proíbe. Somente
poderiam concorrer em casos excepcionais, necessitando autorização do
Vaticano. Ou seja, para se lançar à disputa política, precisariam
abandonar o sacerdócio. De fato isso ocorreu em muitos casos
anteriormente.
Com informações de Clic RBS, Uol, Estadão e Unisinos